Redes brasileiras são vulneráveis a ataques cibernéticos

O Brasil está entre os países mais vulneráveis do mundo quando se trata de segurança da informação. A produção científica brasileira na área é baixa e, por isso, o país é considerado “seguidor”, por lançar novas tecnologias muito tempo depois dos outros países.

Estas constatações estão no livro Tecnologias da Informação e Comunicação: Competição, Políticas e Tendências, lançado nesta quinta-feira, 30/08, por pesquisadores e colaboradores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Do ponto de vista das políticas públicas, o técnico do Ipea Luis Claudio Kubota, um dos organizadores da obra, disse à Agência Brasil que o país precisa ficar atento, pois o mercado de tecnologia da informação é extremamente globalizado e dominado tanto por operadoras quanto por fornecedores de equipamentos estrangeiros.

Outra questão diz respeito à convergência digital, que é uma realidade cada vez maior e une as telecomunicações e a tecnologia da informação, com dispositivos móveis, como os celulares inteligentes (smartphones) e os contéudos. “De certa forma, as agência regulatórias não estão muito adaptadas para este novo mundo. Estão muito focadas, cada uma na sua caixinha. Por isso, existe, hoje, por exemplo, a necessidade da Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] se articular com a Ancine [Agência Nacional de Cinema]”, disse Kubota.

Para o pesquisador, embora tenha melhorado muito no aspecto de participação em órgãos de padronização e de patentes e no volume de produções científicas, o Brasil inicia seu desenvolvimento científico em uma base muito pequena. “A participação do país em produção científica é muito pequena, se comparada com a de outros países. Além disso o mercado é seguidor, porque lança as tecnologias com muitos anos de atraso.”

De acordo com Kubota, são fatores que acabam dificultando a chegada do país à fronteira do conhecimento e da competitividade. Ele e os demais autores do livro lembram que qualquer mudança neste comportamento será de longo prazo e não pode escapar da educação.

Um deles, Samuel César da Cruz Junior, que também é técnico do Ipea, cita outra questão delicada, a da segurança da informação, e diz que são necessárias várias ações para evitar a vulnerabilidade do país em uma época em que a guerra cibernética constitui grande preocupação para muitos governos.

No capítulo Alerta sobre Insegurança da Informação: Cenário Brasileiro e Recomendações, Samuel César destaca que o grande volume de produção, armazenamento e transferência de dados entre diferentes dispositivos e diversas redes resulta em um aumento significativo da vulnerabilidade e das ameaças à segurança da informação.

“A questão da segurança é muito delicada e a solução depende de um conjunto de ações, como maior regulação, porque as redes brasileiras são muito vulneráveis a ataques. Hoje existem botnets [redes de computadores infectadas por bots, um programa malicioso de computador que permite controlar equipamentos à distância] que podem ser utilizados para ataques cibernéticos”, lembra. Hoje, operadoras e fornecedores de serviços de acesso são muito vulneráveis, disse ele.

“No Japão, por exemplo, quando um computador é invadido, a própria operadora se encarrega de avisar ao usuário. Até porque as pragas virtuais são programadas para ficar escondidas nos computadores sem ser percebidas. Temos muitos computadores contaminados, e as pessoas não sabem disto”, acrescentou. Samuel César diz que uma boa estratégia seria alertar o usuário quando o sistema do computador dele está vulnerável, como fez recentemente o FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos, ao avisar sobre o DNSChanger. Para evitar riscos à privacidade, não seria monitorado o conteúdo acessado pelo usuário, mas sim a rede que está sendo usada.

As mudanças passariam também pela conscientização dos usuários, e principalmente das empresas, que têm, muitas vezes, sistemas que funcionam ininterruptamente, mas não têm a proteção necessária para perceber atividades estranhas nos sistemas. Os interessados em obter o livro Tecnologias da Informação e Comunicação: Competição, Políticas e Tendências devem mandar um e-mail para livraria@ipea.gov.br.

Fonte: Convergência Digital

Sou bacharel em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (Alagoas), especialista em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação pela Univ. Gama Filho (UGF) e pós-graduando em Gestão da Segurança da Informação pela Univ. do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Certificações que possuo: EC-Council CEH, CompTIA (Security+, CySA+ e Pentest+), EXIN (EHF e ISO 27001), MCSO, MCRM, ITIL v3. Tenho interesse por todas as áreas da informática, mas em especial em Gestão e Governança de TI, Segurança da Informação e Ethical Hacking.

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