Use software livre; não use software pirata

Pirataria é o assunto do momento. E a desculpa mais comum que ouvimos é que ela acontece por causa dos altos preços das licenças. Dizem até que sem a pirataria as pequenas empresas deixariam de existir, pois não conseguiriam arcar com essas despesas. Com essa desculpa muitas pessoas/empresas pirateiam, principalmente, sistemas operacionais, suites de escritório e aplicativos de edição audiovisual.

Essa desculpa já está furada faz tempo. Hoje as comunidades de software livre estão cada vez mais organizadas, e muitos dos projetos desenvolvidos tem grandes empresas como mantenedoras. Para ilustrar isso, juntarei neste artigo vários programas para uso em pequenas, médias e até mesmo grandes empresas. Todos eles são gratuitos e de código aberto, dispensando definitivamente o uso de softwares piratas.

1º cenário: empresa adquire máquinas novas e com sistema operacional Windows já licenciado

Numa pequena empresa precisaremos basicamente de uma suite de escritório. Isso é facilmente solucionado instalando o BrOffice.org para Windows – uma suite completa que possui todos os aplicativos para um escritório, desde editor de textos até editor de apresentações. Uma vantagem muito grande da BrOffice.org com relação às outras é que, além de ser gratuito e de código aberto, possui suporte a todas as extensões de documentos de texto nativamente desde .odt até .pptx. Não será preciso instalar nada adicional para que ela suporte arquivos do MS-Office 2007, por exemplo.

Outro programa também essencial para o funcionamento de qualquer empresa é um bom cliente de e-mails. Também conseguimos resolver isso facilmente instalando o Mozilla Thunderbird para Windows, um ótimo cliente de e-mails com suporte a vários complementos para customizar o seu uso, inclusive a aparência.

Outra opção é usar os serviços disponíveis na “nuvem”. Os aplicativos do Google Docs podem substituir a suite de escritório e o Gmail substitui o cliente de e-mail. A vantagem do uso dessas ferramentas na “nuvem” é que você tira o peso do processamento dessas informações da sua máquina, deixando ela livre para outras funções e tornando o compartilhamento de documentos entre sua equipe de trabalho mais fácil, visto que todos os seus documentos estarão acessíveis de qualquer lugar onde se tenha uma conexão com a grande rede. A desvantagem disto é que se você por acaso fique sem conexão, todos os seus documentos ficam automaticamente inacessíveis.

2º cenário: empresa adquire máquinas usadas para começar suas atividades

As empresas devem ficar atentas ao fato de que os sistemas operacionais de máquinas usadas sempre ficarão em nome dos seus primeiros proprietários. O S.O é pessoal e intransferível. O computador será seu, mas o sistema utilizado será considerado ilegal. Uma solução fácil pra isso é a instalação de um sistema opensource. O Ubuntu oferece um suporte muito bom, é de fácil uso, e vem com todos os seus aplicativos nativos.
Para suite de escritório vem o OpenOffice.org, que é um programa que serviu de base para o BrOffice.org que citamos acima. Ele vem também com leitor de pdf’s padrão chamado Evince, cliente de e-mail chamado Evolution (mas ele também possui uma instalação em seu repositório para o Mozilla Thunderbird), navegador de internet padrão Mozilla Firefox, dentre outros vários programas já nativos.

Desta forma fica fácil perceber o quão fácil é montar uma pequena empresa/escritório sem precisar piratear nenhum tipo de aplicativo.

3º cenário: empresa precisa montar uma rede com um pequeno servidor

Sabemos que uma licença de um sistema operacional Windows para servidores não é das mais baratas. E no quesito “empresa pequena começando sem muita grana” os S.O.’s para servidores da Red Hat também ficam um pouco caros. O que fazer então?

Uma das opções é a distribuição Debian, muito usada para servidores (na verdade ela é voltada para servidores, porém alguns mais frenéticos também gostam de usá-la em desktops. Nada contra!). É uma distribuição muito estável com um ciclo de vida bacana.

A outra opção que temos e que eu particularmente gosto muito é o CentOS, que seria uma espécie de versão community do Red Hat. É uma distro muito estável e fácil de configurar, não devendo em nada para o Debian. Na verdade, quando se pergunta: Debian ou CentOS? A resposta vai ficar a cargo do gosto do sysadmin ou do dono da empresa, pois ambas são excelentes distribuições.

As duas opções são de fácil configuração e manutenção, que requerem mão de obra um pouco mais especializada, o que não deixa de ser bom para sua empresa, já que seus dados ficarão neste servidor.

Essas são algumas das possibilidades de como se utilizar softwares opensource ou gratuitos no lugar de softwares piratas. Fazendo isso, além de ajudar a diminuir a pirataria você também trabalha dentro da lei.

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Este artigo teve a contribuição de Larissa Ventorim

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Artigo publicado originalmente na Revista Espírito Livre Nº 15

Sou bacharel em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (Alagoas), especialista em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação pela Univ. Gama Filho (UGF) e pós-graduando em Gestão da Segurança da Informação pela Univ. do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Certificações que possuo: EC-Council CEH, CompTIA (Security+, CySA+ e Pentest+), EXIN (EHF e ISO 27001), MCSO, MCRM, ITIL v3. Tenho interesse por todas as áreas da informática, mas em especial em Gestão e Governança de TI, Segurança da Informação e Ethical Hacking.

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