Dez tecnologias em alta nas empresas brasileiras em 2013

Mobilidade, Big Data, cloud computing e redes sociais estiveram entre os tópicos mais comentados de 2012. Agora, esses temas saem do papel e passam a permear estratégias de empresas dos mais variados setores. O interesse por essas tecnologias não é à toa. Elas contribuem para o crescimento dos negócios e garantem vantagem competitiva. TI tornou-se, de fato, o coração das operações.

Os líderes de tecnologia da informação (TI) já enxergam esses benefícios e apontam em seus caderninhos projetos para 2013 que incluem tendências como BYOD, internet das coisas e até mesmo a nuvem, que agora figura em solo brasileiro, nobre e soberana.

“O uso efetivo de tecnologia continua a ser o principal diferenciador entre as organizações que têm sucesso e as que falham”, sentencia Ray Wang, principal analista e CEO do instituto de pesquisa norte-americano Constellation Research. “TI não é vista como a área que somente mantém as luzes acesas”, completa. Segundo ele, os gastos com tecnologia em 2013 vão saltar de 15% a 17% em todo o mundo.

O instituto  de pesquisas Gartner prevê que as organizações brasileiras investirão 133,9 bilhões de dólares em TI em 2013, aumento de 6% em comparação com os gastos de 126,3 bilhões de dólares, estimados para 2012. As quatro forças que estiveram na pauta das empresas, cloud computing, rede social, mobilidade e Big Data, continuarão na lista de prioridades, segundo o instituto de pesquisas.

Veja a seguir as dez tecnologias mais estratégicas que estarão em alta em 2013 e como elas vão impactar nos negócios, segundo diferentes consultorias.

1. Mobilidade e dispositivos móveis
Mobilidade reina absoluta entre as empresas. Estudo recente do The State of the Internet, promovido pelo site Business Insider, afirma que a venda de smartphones em todo o mundo ultrapassou a de computadores em 2011.

Foram mais de 400 milhões de unidades de smartphones contra cerca de 350 milhões de PCs. Esse cenário tem feito com que a mobilidade ganhe força no mercado corporativo.

A Forrester Research diz que a popularidade do iPad entre os usuários deverá acelerar a introdução dos tablets nas empresas. De acordo com a consultoria, 81% das companhias pretendem estabelecer estratégias para a adoção de tablets. E em 2016, 250 milhões desses dispositivos serão usados para fins profissionais.

Muitos departamentos de TI já suportam dispositivos nos negócios por meio de dois movimentos sem volta nas companhias: consumerização e BYOD. Consumerização definitivamente entrou para a agenda das empresas, diz Fernando Belfort, líder de Pesquisas & Consultoria na América Latina da Frost & Sullivan.

O desejo e a pressão para usar dispositivos móveis têm aumentado. O cabo de guerra entre TI e colaborador está sendo puxado com força para o lado do funcionário. “Organizações vão encontrar várias formas de lidar com o mar de dispositivos, seja por meio da adoção de soluções de MDM, virtualização de desktop, antivírus ou infraestrutura de escritório para Wi-Fi”, opina Belfort.

O Gartner acredita que BYOD vai saltar em 2013. Para o instituto de pesquisas, os dispositivos móveis devem suplantar os PCs como ferramentas de acesso mais comum à internet. Para a Nucleus Research, BYOD diminuirá em 2013 à medida que a estratégia de mobilidade empresarial crescer. Na opinião da consultoria, o movimento atingiu o ápice de aceitação de mercado em 2012.

A Rhodia, empresa do Grupo Solvay, que atua no setor químico, vai reforçar a segurança em 2013 para utilizar dispositivos de uso pessoal no ambiente corporativo. “Permitimos o BYOD, mas ainda está em fase inicial. Não temos estimulado de forma agressiva. Em 2013, com as mudanças na proteção do ambiente, vamos impulsionar o movimento”, relata Fernando Birman, diretor de Sistemas de Informação para América Latina da Rhodia.

“Investimento em mobilidade é uma das mais importantes iniciativas da estratégia global de TI da Alcoa”, afirma Tania Nossa, CIO da América Latina & Caribe da Alcoa, atuante na área de minério de ferro.  “É inevitável o fator do anywhere, anytime e agora do from any device”, assinala.

A área de TI da Alcoa está trabalhando para adaptar os aplicativos da companhia para esses aparelhos, com o objetivo de proporcionar mais flexibilidade, acessibilidade e rapidez nas tomadas de decisão. “Não é tendência, já é realidade”, indica.

A Carbocloro, que atua no fornecimento de cloro para tratamento de água e matérias-primas para a indústria, também vai mergulhar nesse universo. “Adquirimos o SAP Afaria para gerenciar dispositivos móveis e com isso pretendemos ampliar a onda do BYOD, que já se faz presente aqui”, comenta José Carlos Padilha, CIO da empresa.

O acesso a sistemas corporativos também é permitido por meio de dispositivos pessoais, garante Padilha. “Temos criptografia e acesso via VPN para atestar a segurança. Tudo é controlado”, assinala.

2. Cloud acomoda-se em solo nacional
Para Belfort, cloud passou por uma onda de entendimento nos últimos dois anos e em 2013 veremos grandes projetos na área. Segundo ele, toda tecnologia tem sua fase natural de maturidade e cloud entra na fase adulta.

A nuvem mudou a forma de comprar e prover serviços, avalia Sandro Melo, coordenador do curso de Rede de Computadores da BandTec, entidade educacional que oferece cursos na área de TI. “O modelo privado é o que mais vai despontar”, acredita.

A Ancar Ivanhoe Shopping Centers, administradora de mais de 20 shoppings centers no País, tem grandes planos para 2013 em torno da nuvem. A empresa quer simplificar a operação e passar, aos poucos, todo o data center para a cloud. “Iniciamos esse processo e adotamos o Google Drive”, comenta Fernando Wanderley, gerente-geral de TI da Ancar.

A meta da companhia é crescer quatro vezes em três anos e Wanderley acredita que a nuvem será vital para conquistar esse objetivo, já que empunha as bandeiras de flexibilidade, escalabilidade e agilidade.

A Carbocloro ainda tem alguns receios em relação ao modelo e por isso vai adiar os planos. “Nossa única exceção é o CRM”, pontua. “O restante ficará dentro de casa até termos definições claras sobre privacidade e questões legais”, completa.

Cloud computing é uma das prioridades da estratégia de TI da Alcoa, que tem como objetivo ganho de escala, produtividade e otimização de recursos tecnológicos.  A companhia possui soluções de software como serviço (SaaS) globalmente em vários processos de negócios e no momento conclui consolidações globais em um único data center nos EUA de e-mails, portais de colaboração e ERP, partindo para o conceito de nuvem privada, o que viabilizará, no futuro, a adoção de plataforma como serviço (PaaS) e infraestrutura como serviço (IaaS).

3. Nuvem pessoal substitui o conceito de computador pessoal
Hoje, já é comum um usuário ter um mix de tecnologias como computador pessoal, notebook, iPad e Android. Sincronizar esses dispositivos passou a ser um desafio. “A nuvem vem para facilitar e dar mais segurança a esse processo”, opina Tania.  “Percebo que as pessoas têm forte apego e confiança em relação ao computador pessoal. Mudar isso exige tempo, lembrando que o tempo a que eu me refiro é o de tecnologia, bem diferente do cronológico”, constata.

Diante desse quadro, a Alcoa conta com uma rede, batizada de AA Mobile, para que os executivos possam acessar suas “personal clouds” sem impactar na rede corporativa.

O Gartner acredita que a nuvem vai abrigar todos os aspectos da vida de uma pessoa. Por ser um modelo tão vasto e capaz de empacotar recursos infinitos “nenhuma plataforma, tecnologia ou vendedor vai dominá-lo”, indica o instituto de pesquisas.

4. Big Data será compreendido
Belfort constata que Big Data está hoje no mesmo estágio que se encontrava cloud há dois anos. “Algumas empresas ainda não compreendem o modelo e como ele pode ser aplicado nos negócios”, diz. Ele lembra que, hoje, muitas organizações já contam com área de BI e os profissionais do setor vão evoluir seu perfil para, em vez olhar para dados do passado, verificar tendências futuras.

Em 2012, Amazon.com, Petrobras, Lojas Renner e Serasa Experian já experimentaram os benefícios do modelo que transforma montanhas de dados em informações valiosas, comenta Belfort.

Levantamento da Frost & Sullivan indica que o mercado brasileiro representa quase metade da receita de Big Data da América Latina. Ele deve crescer 71% de 2012 para 2013, totalizando 576 milhões em solo nacional, e 33% de 2013 para 2014.

Projetos de Big Data estão-se tornando mais econômicos para as empresas, graças, em parte, aos servidores e CPUs de baixo custo, afirma o Gartner. Big Data estratégico, acredita o instituto de pesquisas,  fará com que usuários executem projetos não mais isolados. Companhias vão incorporar a análise da grande massa de dados em mais atividades que desempenham.

5. Analytics
Analytics acionável é, em alguns aspectos, um desdobramento de Big Data, aponta o Gartner. A maioria das análises hoje concentra-se em olhar para dados históricos, o próximo passo é prever o que pode acontecer.

A Amcham ouviu, em parceria com o Ibope, 214 altos executivos de empresas de variados portes em diversas regiões do País, e constatou que em 2013 os aportes em ferramentas de TI serão voltados especialmente para Business Intelligence (BI). Entre os entrevistados, 58% disseram que essa era a principal prioridade.

Melhorar as capacidades analíticas é também um dos focos da Rhodia para os próximos meses. “Sempre aprimoramos nossa solução de BI porque as necessidades mudam e as métricas precisam evoluir para acompanhar as demandas dos negócios”, comenta Birman.

Tania indica que na Alcoa o momento atual também inclui a simplificação e a consolidação dos warehouses de Business Intelligence Services (BIS) para levar mais inteligência aos negócios.

6. Computação in-memory
Com o crescimento de análises, aquece também, de acordo com o Gartner, o interesse por soluções em memória, que agilizam a busca por dados. Elas permitem que atividades que consomem horas sejam executadas em minutos.

O Gartner acredita que computação em memória vai-se tornar uma plataforma dominante no próximo ano ou dois. Para Padilha, computação em memória está distante. “Vamos adotar, mas não agora”, adianta. Segundo ele, a ideia é prover análises mais detalhadas para as áreas de negócios e possibilitar eficiência.

A Alcoa está em processo de atualização da ferramenta de Enterprise Resource Planning (ERP) e apostou no Oracle Exadata Database Machine para aprimorar as capacidades analíticas. A solução conta com recursos em memória, explica Tania.

7. Comunicação máquina a máquina
Tudo vai conectar-se à internet, incluindo câmeras, realidade aumentada, edifícios e sensores. “Começamos a ver as conexões entre máquinas em modelos simples. Teremos de esperar mais três anos para que essa tendência se torne realidade”, completa Wang.

Atualmente, a Alcoa tem pilotos de “Smart Manufacturing”. “Os softwares integram-se aos equipamentos de processos e, dependendo dos parâmetros de temperatura e pressão, por exemplo, os Programmable Logic Controllers (PLCs) comandam uma determinada ação. Tudo integrado à mobilidade e conectado à internet”, detalha Tania.

A Ancar executou em 2012 um piloto com realidade aumentada. O projeto envolveu a criação de um aplicativo para Android e iOS batizado de Primavera. Ao entrar em um dos shoppings centers da rede, a pessoa participava de um desafio para completar uma flor e ganhar um brinde. A flor era projetada a partir do smartphone e movia-se. “Estudamos ampliar a iniciativa em 2013”, comenta Wanderley.

8. Aplicativos em HTML5
O Gartner observa que os aplicativos nativos tradicionais não vão desaparecer e “sempre oferecerão a melhor experiência ao usuário com recursos sofisticados.” HTML 5, tecnologia multiplataforma que torna a presença na web mais simples e uniforme, seja qual for o aparelho do usuário, vai despontar nesse cenário.

“Utilizamos HTML5 para aplicações que necessitam ser multiplataformas (mobile, desktop, tablets). Para soluções exclusivas, direcionadas a dispositivos móveis, optamos por desenvolver aplicações nativas, que dispõem de recursos mais ricos e sofisticados para o usuário, utilizando e distribuindo via solução MDM”, diz Tania.

A Rhodia desenvolve dentro de casa suas aplicações e os próximos trabalhos, relata Birman, serão executados em HTML5. A Carbocloro faz o caminho inverso: desenvolve com ajuda de parceiros e está atenta ao tema para modernizar ou criar aplicativos no próximo ano.

9. Lojas corporativas de aplicativos
O Gartner acredita que lojas empresariais de aplicativos vão transformar os departamentos de TI, proporcionando governança. Elas serão o espaço para encontrar tudo o que o usuário precisa para aprimorar o trabalho da área. A CIO da Alcoa explica que a empresa está em linha. “A adoção do MDM trará mais segurança e flexibilidade, possibilitando a implementação do conceito “Alcoa Store”, uma loja corporativa de aplicativos”, comenta.

10. Gamification
O gamification, técnica digital que aplica ao meio corporativo características lúdicas e lógicas que são também encontradas em jogos de videogames, vai invadir as empresas. “Organizações podem usar o modelo dos jogos para orientar o comportamento dos funcionários e promover a transferência de conhecimentos, programas de vendas e colaboração”, reflete Wang.

O Gartner prevê, no entanto, que, até 2014, 80% das atuais aplicações de gamification não vão conseguir cumprir os objetivos de negócios, principalmente por causa do design defasado.

“O desafio para os gerentes de projetos e responsáveis por iniciativas de gamification é a falta de talento de design de jogos para desenvolver trabalhos na área”, avalia Brian Burke, vice-presidente de Pesquisa do Gartner.

Dez tecnologias em alta nas empresas brasileiras em 2013 – Tecnologia – CIO.

Sou bacharel em Sistemas de Informação pela Estácio de Sá (Alagoas), especialista em Gestão Estratégica da Tecnologia da Informação pela Univ. Gama Filho (UGF) e pós-graduando em Gestão da Segurança da Informação pela Univ. do Sul de Santa Catarina (UNISUL). Certificações que possuo: EC-Council CEH, CompTIA (Security+, CySA+ e Pentest+), EXIN (EHF e ISO 27001), MCSO, MCRM, ITIL v3. Tenho interesse por todas as áreas da informática, mas em especial em Gestão e Governança de TI, Segurança da Informação e Ethical Hacking.

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